14 janeiro 2009

Pai Natal

Há em todos os meninos, como em todas as meninas, um imaginário que se constrói com o Natal.
Dizem que Natal é amor e fraternidade, recebidos e vividos, especialmente, naquelas horas que marcam uma das meias-noites mais importantes de todo o ano.
E todos os anos tu esperavas pela meia-noite do dia 25, numa festa que se vive em família. E esperavas pelo Pai Natal.
Esperavas que ele te trouxesse um sorriso, um abraço, um carinho e uma prenda, qualquer que fosse. A prenda lá aparecia, mais cedo ou mais tarde, sozinha, sem o homem de ar bonacheirão e simpático, sem o colo, nem a fantasia. No lugar da magia ficava a mágoa. Nem aquele Pai Natal queria saber de ti.
Assim cresceste, alérgico ao Natal. Todos os natais te remetiam para a falta daquele amigo, para o vazio que te ficava, antes e depois de abrir os embrulhos. E como te recordavam quão sozinho te sentias, sem o Pai Natal, todos os natais passados, assim preferias tu ficar. Sozinho. De verdade.
E cada Natal que passavas sozinho, tentavas esquecer os porquês dos natais passados. Olhavas para eles como se fossem os enfeites da tua árvore, imagens de momentos reflectidos em ti próprio. E aos poucos deixavas de sentir.
Mas um dia, algo maravilhoso aconteceu na tua vida!
Ali, bem à tua frente, com um sorriso aberto e disponível, lá estava ele. O Pai Natal! Existia. Olhava para ti. Até conversava contigo. Tinha o fato de Pai Natal, as barbas de Pai Natal, a barriga do Pai Natal, os óculos e até o olhar do Pai Natal. E melhor do que tudo isso e o mais importante de tudo, era que aquele Pai Natal era teu amigo e tal e qual como se imagina um Pai Natal. De carne e osso!
Extasiado, o menino que vivia dentro do homem que és, encontrou o amigo que há muito procurava. Sorrias, os teus olhos brilhavam, no teu coração revivias o Natal. Comovias-te até!
Sabias que Nicolau tinha outro nome, mas este era o teu Pai Natal, o de todos os sonhos da tua infância, de todos os natais à espera da magia, só com a mágoa.
Recuperaste a fantasia, todo o imaginário. Acreditaste como criança.
E quase esqueceste porque te magoa o Natal.
Porque aprendeste desde cedo, naqueles natais vazios, que as melhores prendas, são impossíveis de embrulhar ou de empacotar.
Gostava que um dia, este ou outro Pai Natal, te trouxessem os sonhos de infância perdidos, os abraços que não tiveste, o colo amigo que te embale e que te garanta que faças o que fizeres, serás amado e querido. Que não és trocado, como um brinquedo estragado, por um outro mais brilhante.
Talvez nesse dia, quando reencontrares esses momentos ou quando deixares de os perseguir, a tua estrela de Natal luza bem alto acima do homem que és hoje. E o espírito de Natal te invada com todo o calor, de amor e fraternidade.
Porque o Pai Natal é, agora, finalmente, teu amigo.

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